Pensamento 8 ou 80
- Cibele Nardi

- 23 de jul.
- 2 min de leitura

Uma das armadilhas mentais mais comuns — e ao mesmo tempo prejudiciais — é a tendência de enxergar o mundo em extremos. Tudo ou nada. Certo ou errado. A favor ou contra. Essa forma de pensar, conhecida como "pensamento 8 ou 80", reduz a complexidade das situações e pode gerar sofrimento, mal-entendidos e decisões equivocadas.
Esse tipo de distorção cognitiva é chamado de polarização. Ela nos impede de ver os tons de cinza, os contextos, as intenções e os caminhos do meio.
Quando Só Vemos Dois Lados
Essa lógica binária se manifesta em pensamentos como:
“Ou sou reconhecido, ou sou totalmente desvalorizado.”
“Ou o outro está certo, ou eu estou sendo injustiçado.”
“Ou todos colaboram, ou ninguém se importa.”
Esse tipo de raciocínio não só intensifica as emoções negativas como também empobrece nossas relações e interpretações. A realidade é quase sempre mais complexa do que essas divisões rígidas permitem ver.
Como Isso Aparece no Trabalho?
No ambiente profissional, o pensamento em preto e branco pode gerar desgastes desnecessários.
Veja alguns exemplos comuns:
A chefia demora a responder: A interpretação imediata pode ser: “Ela não se importa comigo.” Mas será que é isso mesmo? Ou há outras possibilidades — como sobrecarga, prioridades urgentes ou falha de comunicação?
Você recebe um feedback ruim: A reação automática pode ser: “Ele não gosta de mim.” Quando, na verdade, pode ser apenas uma tentativa genuína de contribuir com o seu desenvolvimento.
Nem Tudo É Pessoal
Uma chave importante para lidar com esse tipo de pensamento é lembrar: Nem tudo é sobre você. Nem sempre a ação (ou ausência dela) do outro tem a ver com desconsideração, rejeição ou julgamento. Muitas vezes, é apenas o ponto de vista do outro. Ou o contexto em que ele está inserido. Ou, ainda, algo que nem diz respeito diretamente a você.
Prática de Reflexão: Como Sair do Pensamento 8 ou 80
Se você percebe que caiu em um pensamento extremista, pare um momento e responda:
Qual foi o pensamento automático que surgiu? Exemplo: “Ninguém valoriza o que eu faço.”
Esse pensamento é 100% verdadeiro? Há exceções? Exemplo: “Meu gestor me elogiou semana passada. Talvez hoje ele só esteja ocupado.”
Que outras explicações podem existir para o que aconteceu? Exemplo: “A demora pode estar ligada à carga de trabalho, não ao desinteresse.”
Como eu posso reagir com mais equilíbrio e abertura? Exemplo: “Em vez de supor, vou perguntar de forma respeitosa como estão as prioridades.”
O que muda quando eu saio do 8 ou 80 e olho a situação com mais nuance?
Esse tipo de exercício ajuda a reposicionar pensamentos automáticos e a cultivar respostas mais conscientes e menos reativas — fundamentais para manter relações saudáveis e lidar melhor com os desafios do dia a dia.
Quando damos espaço para nuances, criamos relações mais saudáveis, tomamos decisões com mais lucidez e diminuímos o desgaste emocional.
A maturidade emocional começa quando aprendemos a sair dos extremos e enxergar a complexidade da vida como ela é: multifacetada, humana e cheia de possibilidades.

























